Sim, é possível reduzir drasticamente o peso de pessoas que sofrem com obesidade, sem cirurgias nem remédios fortes. A afirmação é da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).


Cientistas descobriram um novo método – ainda em fase de testes – capaz emagrecer tanto quanto uma cirurgia bariátrica, mas usando somente medicamentos sem efeitos colaterais. Essa nova classe de compostos conseguiu reduzir drasticamente o peso e diminuir a glicose no sangue de camundongos, em laboratório.


Os remédios injetáveis também evitam os efeitos colaterais de náusea e vômito que são comuns com os medicamentos atuais para perda de peso e diabetes. Agora, os cientistas relatam que o novo tratamento não apenas reduz a alimentação, mas também aumenta a queima de calorias.


Os experimentos


Os pesquisadores apresentaram seus resultados na reunião de primavera da American Chemical Society (ACS), na semana passada. A ACS Spring 2023 é uma reunião híbrida realizada virtualmente que apresenta novidades científicas.


Os cientistas criaram um peptídeo que ativa dois receptores para PYY, além do GLP-1. A substância foi batizada de GEP44.


Nos primeiros estudos em camundongos, o GEP44 fez com que os animais obesos comessem até 80% menos do que normalmente comiam.


Após 16 dias, eles haviam perdido 12% do seu peso, três vezes mais do que os ratos que haviam sido tratados com liraglutida. Isso deixou evidente, na avaliação dos pesquisadores, o potencial da substância para reduzir “drasticamente” o peso corporal.


Os autores ainda observaram que, diferentemente dos que receberam a liraglutida, os que tomaram GEP44 não apresentaram sinais de náusea nem vômito.


“Durante muito tempo, não pensávamos que fosse possível separar a redução de peso de náuseas e vômitos, porque eles estão ligados exatamente à mesma parte do cérebro”, reagiu Doyle.


Obesidade e diabetes


“Obesidade e diabetes eram a pandemia antes da pandemia de COVID-19”, diz Robert Doyle, Ph.D., um dos dois principais pesquisadores do projeto, junto com Christian Roth, M.D. “Eles são um problema enorme e são projetado para apenas piorar.”


Segundo Christian Roth, do Seattle Children’s Research Institute, há tratamentos que buscam interagir com mais de um tipo de receptor de hormônio intestinal.


Ele diz que pacientes que são submetidos a uma cirurgia bariátrica têm alterações, nos meses seguintes, nos níveis de secreção intestinal de certos hormônios que sinalizam a saciedade,  reduzem o apetite e normalizam o açúcar no sangue, como o peptídeo-1, semelhante ao glucagon (GLP-1), e peptídeo YY (PYY).


E os remédios usados hoje para combater a obesidade, junto com cirurgias, são muito fortes e tem efeito colaterais. Eles imitam o GLP-1 no cérebro e no pâncreas; alguns deles, como a semaglutida e a liraglutida, ganharam fama por ajudar na perda de peso.


Porém, essas drogas costumam ter alguns efeitos colaterais desagradáveis, principalmente gastrointestinais, o que faz com que muitos pacientes desistam do tratamento ainda no primeiro ano.


“Dentro de um ano, de 80% a 90% das pessoas que começam a usar essas drogas não estão mais tomando”, afirmou o pesquisador Robert Doyle, da Syracuse University, um dos autores do estudo.


As análises


Os pesquisadores afirmam que a perda de peso dos ratos não está associada apenas à diminuição da alimentação, mas a um maior gasto de energia, pelo aumento dos movimentos, da frequência cardíaca ou da temperatura corporal.


Eles advertem que ainda há muito o que pesquisa, uma vez que o GEP44 tem uma meia-vida curta, de apenas uma hora, mas o grupo já trabalhou em uma versão que dura mais tempo no organismo, que poderia ser injetada uma ou duas vezes na semana.


Porém, há um ponto positivo que os ratos tratados com o peptídeo experimental se mantiveram magros mesmo quando já não recebiam mais as injeções. Houve também redução dos níveis de açúcar no sangue.


O próximo passo é testar o GEP44, já patenteado, em primatas.


As informações são do ACS organization

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